COMPETÊNCIAS

É inútil resistir as mudanças, pois elas virão, queiramos ou não....

O novo paradigma exige um ensino centrado na descoberta e na exploração; na aprendizagem colaborativa; na investigação, fundamentado na realidade. Deve ser holístico, histórico e contextualizado.

A construção do conhecimento pressupõe a construção do seu próprio saber, a construção de competências e a aquisição dos saberes já construídos pela humanidade.
Os três processos são operações distintas: 
1 - tem por base as experiências vivenciadas, 
2 - a mobilização destes conhecimentos e sua significação, 
3 - a apropriação mediatizada pela transmissão. 
A escola, via de regra, integra-se neste processo como mediadora na transmissão dos conhecimentos já produzidos, cumprindo, apenas, a terceira destas funções. A garantia desta integração se fará pela mobilização de competências já construídas, por sua ampliação e pela construção de novas competências.

“Não basta entender competências como uma parte de um processo de ensino mas, como o processo de ensino: O ENSINO POR COMPETÊNCIAS”.

Educar para competências é, então, ajudar o sujeito a adquirir e desenvolver as condições e/ou recursos que deverão ser mobilizados para resolver a situação complexa. 

"Assim, educar alguém para ser um pianista competente é criar as condições para que ele adquira os conhecimentos, as habilidades, as linguagens, os valores culturais e os emocionais relacionados à atividade específica de tocar piano muito bem"                                                                                       Moretto

A definição do modelo de ensino de que necessitamos para os próximos anos deve estar assentada sobre três eixos básicos: 
1 - a flexibilidade para atender a diferentes pessoas e situações e às mudanças permanentes que caracterizam o mundo da sociedade da informação; 
2 - a diversidade que garante a atenção às necessidades de diferentes grupos em diferentes espaços e situações; 

3 a contextualização que, assegurando uma base comum, diversifique os trajetos, permita a constituição dos significados e dê sentido à aprendizagem e ao aprendido.

Neste contexto definimos o papel do educador 
Aquele que prepara as melhores condições para o desenvolvimento de competências, isto é, aquele que, em sua atividade, não apenas transmite informações isoladas, mas apresenta conhecimentos contextualizados, usa estratégias para o desenvolvimento de habilidades específicas, utiliza linguagem adequada e contextualizada, respeita valores culturais e ajuda a administrar o emocional do aprendiz. 


Para pensar:
A quem compete facilitar o desenvolvimento de competências ?
O que é ser competente ?
Nós queremos desenvolver competências sob que ótica: a do capital, a do saber escolar, a da vida?
Quais as grandes mudanças por parte do professor e do aluno no ensino atual e no ensino para competência?
A competência valoriza o profissional?

O que o aluno ganha com isto?

“Estamos falando, então, de uma outra escola, menos voltada para o interior do próprio sistema de ensino, diferente daquela na qual cada objeto de ensino esteja referido apenas ao momento seguinte da escolarização; menos centrada no acúmulo de informações para
consumo no próprio sistema escolar; menos orientada para uma falsa erudição enciclopédica; menos referida ao tempo futuro. Falamos de uma escola integradora, cuja referência é o que está fora de seus muros, em que a produção interna integra-se à produção da prática social e ao desenvolvimento pessoal; que reconhece a multiplicidade de agentes e fontes de informação e apropria-se deles integrando-os ao seu fazer; que tem como centro da sua produção a construção das condições de busca, identificação, seleção, articulação e produção de conhecimentos para agir no e sobre o mundo; que integre os tempos, apropriando-se do passado para articular o futuro no presente. A construção destes esquemas de mobilização dos conhecimentos, das emoções e do fazer é a construção de competências.”

Ruy Leite Berger Filho
nCompetência
 Dicionário: “qualidade de quem é capaz de apreciar e resolver certos assuntos”.
 Na educação: “competência é a faculdade de MOBILIZAÇÃO de um conjunto de recursos cognitivos – como saberes, habilidades e informações – para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações” (Perrenoud) 
 Competência pressupõe: operações mentais; capacidade para usar habilidades; emprego de atitudes adequadas à realização de tarefas;


"vou procurar um dentista, mas quero que seja competente"

"meu irmão é um pianista competente" 

A expressão isolada "fulano é competente" não tem muito sentido "competente para fazer o quê?" 
Ronaldinho ( jogar de futebol) é mais, ou menos competente que Guga (tenista) ?

"Entendemos por competências os esquemas mentais, ou seja, as ações e operações mentais de caráter cognitivo, sócio-afetivo ou psicomotor que mobilizadas e associadas a saberes teóricos ou experienciais geram habilidades, ou seja, um saber fazer.”

As competências são modalidades estruturais da inteligência, ou melhor, ações e operações que utilizamos para estabelecer relações com e entre objetos, situações, fenômenos e pessoas que desejamos conhecer operações mentais estruturadas em rede que mobilizadas permitem a incorporação de novos conhecimentos e sua integração significada a essa rede, possibilitando a reativação de esquemas mentais e saberes em novas situações, de forma sempre diferenciada.

"As habilidades decorrem das competências adquiridas e referem-se ao plano imediato do saber fazer. Através das ações e operações, as habilidades aperfeiçoam-se e articulam-se, possibilitando nova reorganização das competências.
Ruy Leite Berger Filho, Ocurrículo por competência

Competência é a capacidade de mobilizar conhecimentos, valores e decisões para agir de modo pertinente numa determinada situação. Competências e habilidades pertencem à mesma família. A diferença entre elas é determinada pelo contexto.
Em resumo: a competência só pode ser constituída na prática. 
Guiomar Namo de Mello

Competência em educação é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos - como saberes, habilidades e informações - para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações. 
Competências se desenvolvem em um contexto. Aprender, fazendo, o que não se sabe fazer. 
Philippe Perrenoud 
Competência é mais do que um conhecimento.
Ela pode ser explicada como um saber que se traduz na tomada de decisões, na capacidade de avaliar e julgar. 
Lino de Macedo
Então.....
Competência = capacidade de bem realizar uma tarefa, ou seja, de resolver uma situação complexa ( resolver a situação na hora em que ela se apresente).

As competências articulam:
- conhecimentos/habilidades/
- procedimentos/valores e atitudes;

Competências não estão associadas a conteúdos/matérias específicas embora se refiram a elas;
Ex.: Utilizar instrumentos de medição e de cálculos;

Três tipos de competências ( Lino de Macedo)
1 - Como condição prévia do sujeito – talento, dom, extrema facilidade;
2 - Competência como condição do objeto/ independente do sujeito que utiliza 
Ex.: “Esse aluno é bom porque estudou com aquela professora”; “Este professor é bom porque usa aquele livro ótimo”;
3 - Competência relacional – interdependente – não basta entender muito de um conteúdo, ter objetos avançados e adequados e não saber coordenar tudo isso.

nHABILIDADE
Dicionário: 1.qualidade de hábil; 2.capacidade,inteligência; 3. aptidão, 4. Excelência na proposição e realização de objetivos;
Em educação: Competência de ordem particular que se aprimora com o uso. Ex.: “quem tem competência para sair de uma valeta sairá melhor se aprimorar suas habilidades”;
Habilidade: “filha específica da competência” (Celso Antunes);

Habilidade diz respeito a uma CAPACIDADE ADQUIRIDA : “saber fazer”;

Ex.: - identifica variáveis;
       - compreende fenômenos;
       - relaciona informações;
       - analisa situações–problemas;
       - sintetiza, julga, correlaciona                    
       - manipula;



nCOMPETÊNCIAS X HABILIDADE

Não há como diferenciar de forma precisa porque em determinadas situações ou isoladamente, uma habilidade pode ser uma competência a ser desenvolvida;

“Competência é uma habilidade de ordem geral, enquanto a habilidade é uma competência de ordem particular, específica” ( Macedo);

Ex.:
Competência: “Resolver problemas”
Habilidades: 1.saber ler; 2.saber calcular; 3. saber interpretar dados; 4.tomar decisões; 5.registrar por escrito;  6. interpretar o resultado obtido; 7. relacionar este resultado ao que foi questionado


“a competência seria constituída de várias habilidades. Mas uma habilidade não “pertence” a determinada competência, uma vez que a mesma habilidade pode contribuir para competências diferentes”.
(Zacharias)


Competência
Descritores de habilidades
C1:Dominar os conhecimentos e as capacidades que concorrem para a apropriação da tecnologia da escrita.
D1:Identificar letras do alfabeto;
D2:conhecer as direções e o alinhamento da escrita na LP;
D3:Diferenciar letras de outros sinais gráficos, como números, sinais de pontuação ou outros sistemas de representação;
D4:Identificar o nº de sílabas (consciência silábica);
D5:Identificar sons, sílabas e outras unidades sonoras ( consciência fonológica e fonêmica)
D6:Identificar o conceito de palavra (consciência de palavras);
D7:Distinguir, como, leitor, diferentes tipos de letras.

AS HABILIDADES DEVEM SER DESENVOLVIDAS NA BUSCA DE COMPETÊNCIAS.


nCOMPETÊNCIAS COGNITIVAS

Competências para observar - HABILIDADES DO GRUPO I

Observar para levantar dados, descobrir informações nos objetos, acontecimentos,situações etc., e suas representações;
Identificar, reconhecer, indicar, apontar, dentre diversos objetos, aquele que corresponde a um conceito ou a uma descrição,
Identificar uma descrição que corresponde a um conceito ou às características típicas de objetos, da fala, de diferentes tipos de texto,
Localizar um objeto, descrevendo sua posição ou interpretando a descrição de sua localização, ou localizar uma informação em um texto;
Descrever objetos, situações, fenômenos, acontecimentos etc., e interpretar as descrições correspondentes;
Discriminar, estabelecer diferenciações entre objetos, situações e fenômenos com diferentes níveis de semelhança;
Constatar alguma relação entre aspectos observáveis do objeto, semelhanças e diferenças, constâncias em situações, fenômenos, palavras, tipos de texto etc.;
Representar graficamente (por gestos, palavras, objetos, desenhos, gráficos etc.) os objetos, situações, seqüências, fenômenos, acontecimentos etc.;
Representar quantidades através de estratégias pessoais, de números e de palavras.


Competências para realizar - HABILIDADES DO GRUPO II

Classificar - organizar (separando) objetos, fatos, fenômenos, acontecimentos e suas representações, de acordo com um critério único, incluindo subclasses em classes de maior extensão;
Seriar - organizar objetos de acordo com suas diferenças, incluindo as relações de transitividade;
Ordenar objetos, fatos, acontecimentos, representações, de acordo com um critério;
Conservar algumas propriedades de objetos, figuras, etc., quando o todo se modifica;
Compor e decompor figuras, objetos, palavras, fenômenos ou acontecimentos em seus fatores, elementos ou fases, etc.;
Fazer antecipações sobre o resultado de experiências, sobre a continuidade de acontecimentos e sobre o produto de experiências;
Calcular por estimativa a grandeza ou a quantidade de objetos, o resultado de operações aritméticas, etc.;
Medir, utilizando procedimentos pessoais ou convencionais;
Interpretar - explicar o sentido que têm para nós acontecimentos, resultados de experiências, dados, gráficos, tabelas, figuras, desenhos, mapas, textos, descrições, poemas, etc., e apreender este sentido para utilizá-lo na solução de problemas;

Competências para compreender - HABILIDADES DO GRUPO III

Analisar objetos, fatos, acontecimentos, situações, com base em princípios, padrões e valores;
Aplicar relações já estabelecidas anteriormente ou conhecimentos já construídos a contextos e situações diferentes; aplicar fatos e princípios a novas situações, para tomar decisões, solucionar problemas, fazer
prognósticos etc.;
Avaliar, isto é, emitir julgamentos de valor referentes a acontecimentos, decisões, situações, grandezas, objetos, textos etc.;
Criticar, analisar e julgar, com base em padrões e valores, opiniões, textos, situações, resultados de experiências, soluções para situações-problema, diferentes posições assumidas diante de uma situação etc.;
Explicar causas e efeitos de uma determinada seqüência de acontecimentos;
Apresentar conclusões a respeito de idéias, textos, acontecimentos, situações etc.;
Levantar suposições sobre as causas e efeitos de fenômenos, acontecimentos etc.;
Fazer prognósticos com base em dados já obtidos sobre transformações em objetos, situações, acontecimentos, fenômenos etc.;
Fazer generalizações (indutivas) a partir de leis ou de relações descobertas ou estabelecidas em situações diferentes, isto é, estender de alguns para todos os casos semelhantes;
Fazer generalizações (construtivas) fundamentadas ou referentes às operações do sujeito, com produção de novas formas e de novos conteúdos;
Justificar acontecimentos, resultados de experiências, opiniões, interpretações, decisões etc.

Lino de Macedo
Referência: Matriz de referência para avaliação, out 2008, p 17 a 20.


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