11 de fevereiro de 2013

ALUNO PROTAGONISTA


O artigo 35 da LDBEN ( Lei 9.394 de dezembro de 1996) prevê um ensino médio que não se limite  à preparação para a universidade ou somente para o trabalho, mas que complete a formação da juventude
para o exercício pleno da cidadania.


Essa transformação na escola  é necessária para que ela garanta seu papel de colaboradora no desenvolvimento da confiança, auto-estima, valores humanos, autonomia e consciência social no jovem. Por outro lado, é preciso atentar-se quanto à participação do jovem dentro da escola, ambiente onde muitos, diante da pluralidade  de oportunidades oferecidas, sentem-se à vontade para protagonizar. Segundo Fanfani, a escolarização “cria juventude”, ou seja, contribui muito para a construção destes novos sujeitos sociais.


Em seu livro Pedagogia da Autonomia (p. 107), Paulo Freire afirma que a autonomia vai se constituindo na experiência de várias, inúmeras decisões que vão sendo tomadas. Por que, por exemplo, não desafiar o
filho, ainda quando criança, no sentido de participar da escolha da melhor hora para fazer seus deveres escolares? Por que o melhor tempo para esta tarefa é sempre  o dos pais? Por que perder a oportunidade de ir sublinhando aos filhos o dever e o direito que eles têm, como gente, de ir forjando sua própria autonomia?  É por meio de diálogos, de atitudes conjuntas que se chega ao amadurecimento.


O educador e os pais devem mostrar-se aliados, amigos dispostos a auxiliá-lo a enfrentar a situação,
pois são mais experientes. Mas também devem apresentar a eles os limites existentes em uma situação e mostrar-lhes a necessidade de tomar decisões dentro de seus limites. As resoluções  finais, no entanto,  devem sempre ficar a cargo do grupo, mantendo o educador ou os pais uma postura de facilitador no processo de tomada de decisão. E para que tenha progresso esse desenvolvimento, é necessário atentar-se a uma série de fatores que contribuem ou impedem esse processo, tais como [1]:


A auto-estima: “é o juízo de valor que o jovem tem de si mesmo, com base na sua capacidade de fazer as coisas. Os jovens com baixa auto-estima muitas vezes não conseguem êxito na comunicação com o grupo e dificultam a integração grupal”;
O desenvolvimento pessoal e social: “a inclusão de uma série de situações pode colaborar para que o adolescente demonstre suas capacidades, levando-o a melhorar sua auto-estima”.
As condições para uma participação autêntica: “deve-se sempre levar em conta as relações de poder e a luta pela igualdade de direitos. É importante que todos os jovens tenham oportunidade de participar dos programas que afetam sua vida diretamente”.

Os benefícios da participação: “os benefícios apontam para dois caminhos cruciais: o que ajuda no desenvolvimento de indivíduos mais competentes e seguros de si e aqueles que melhoram a organização e o funcionamento da comunidade”.
O papel construtivo da participação: “os jovens buscam para si um papel significativo na sociedade. Se não encontram oportunidades de desenvolver suas capacidades de maneira responsável, encontrarão outras, que são irresponsáveis”.
Participação e espírito democrático: “a participação não só permite que um adolescente tenha o direito de expressar-se. Ela é igualmente valiosa para capacitar os adolescentes a descobrir, na prática, o direito de os outros também terem suas formas de expressão. Por estarem envolvidos em projetos reais, o diálogo e a negociação com outros jovens são inevitáveis”.

Participação e autonomia:  “o florescimento da personalidade por meio do desenvolvimento da autonomia depende fundamentalmente das relações sociais que ela for capaz de estabelecer. Vista dessa forma, a participação não é somente um enfoque para se obter uma adolescência socialmente mais responsável e mais cooperativa. É mais; é o caminho para o desenvolvimento de uma pessoa socialmente sã”.
Participação e coesão social: “por meio de experiências positivas de grupo, os adolescentes descobrem que estarem organizados é fundamental para seus próprios interesses. A organização com base no interesse mútuo, é provavelmente a base mais forte para a organização cultural e política de uma sociedade”.
A importância da educação familiar para a criação de uma sociedade verdadeiramente democrática e participativa: “É necessário animar as famílias, para que se abram a uma maior participação das crianças e adolescentes, como parte de um movimento geral para a criação de uma sociedade mais democrática, com maiores oportunidades de igualdade de direitos para todos. (...) A família é o cenário primeiro do desenvolvimento da responsabilidade pessoal e da capacidade de participar”.
Participação e escola: “a escola como integrante da comunidade, deve ser um lugar capaz de fomentar nos jovens a compreensão e a experiência da participação democrática”.
Protagonismo e relação entre jovens e adultos:  “a colaboração produtiva entre jovens e adultos deve ser o núcleo de qualquer sociedade democrática que deseje aperfeiçoar-se, através da continuidade entre o passado, o presente e o futuro.”
Pobreza e participação:  “os defensores da criança e do adolescente têm de trabalhar arduamente para que a voz dos meninos pobres seja ouvida. Sem um esforço nessa direção, é provável que só sejam ouvidos os jovens da classe média”.


Neste panorama, é possível observar que o  desenvolvimento do jovem como homem e cidadão participativo é uma ação conjunta que pode sofrer influências de série de fatores que o acompanham desde seu nascimento,  passando por grandes transformações na fase da adolescência e se consolidando na vida adulta.
Quando existe um compromisso da família e da escola com a participação efetiva dos jovens, o espaço está preparado para o exercício de ações criativas, solidárias e construtivas para todas as partes envolvidas, em especial para o jovem protagonista.


ESCOLA DE ENSINO INTEGRAL ENSINO MÉDIO - PERNANMBUCO

■ O Instituto de Co-Responsabilidade pela Educação – ICE, instituição privada sem fins lucrativos, cuja missão é mobilizar a sociedade em geral e, em particular, a classe empresarial, segundo a ética da co-responsabilidade, a fim de produzir
soluções educacionais inovadoras e replicáveis em conteúdo, método e gestão. Tudo isso objetiva uma nova forma de
ver, sentir e cuidar da juventude, contribuindo para a formação de jovens autônomos, solidários e competentes.




Referência:
[1] HART, Roger. La participacion de  los niños: de  la participación simbólica e la participacion auténtica.
1993

COSTA, Antonio Carlos Gomes da. Presença Educativa. 2ª ed. São Paulo, Salesiana,
2001 (Coleção Viva Voz).
COSTA, Antonio Carlos Gomes da.  Protagonismo juvenil: adolescência, educação e
participação democrática. Salvador, Fundação Odebrecht, 2000.
FANFANI, Emílio Tenti.  Culturas jovens e cultura escolar. In: Seminário “Escola
Jovem: Um Novo Olhar Sobre o Ensino Médio”, 2000, Brasília, MEC, 2000
Anais Eletrônico. Disponível em: <http://www.mec.gov.br/semtec/ensmed/artigosensaios.shtm> .
FREIRE, Paulo.  Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 33ª ed. São Paulo:
Paz e Terra. 1996

TASHIRO, Jéssica Nardo Vieira e TRUFEM, Sandra Farto Botelho. IDENTIDADE JOVEM E PARTICIPAÇÃO.Pesquisa em Debate, edição especial, 2009







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